Eu não disse isto!

Desabafos semânticos, Sem categoria

lembrar (380)

Hoje em dia não dá mais para acreditar em tudo o que se lê na internet. Fernando Pessoal, Gabriel García Marques, Pablo Neruda, Arnaldo Jabor, só para citar alguns, têm frases creditadas a eles que quem os estuda a fundo e conhece bem suas obras sabe que o crédito é infundado. Só para citar dois que me deram entrevista e que comentaram o assunto: Tim Maia, quando morava no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, me recebeu na sua casa e contou que muito boato que atribuiam a ele não passava de mentira. Um deles era a músiva “Gostava tanto de você”, que já disseram ter sido feita por “n” motivos, quando na verdade foi feita quando ele queria de volta a mulher que partiu enquanto eles estavam no exterior. Nada de morte. Nada de filhos. Só uma dor de amor.

Mais recentemente entrevistei a brilhante Martha Medeiros que esclareceu que ela sequer tem perfil no Facebook. Seu nome, no entanto, com fotos e tudo o mais, está em várias páginas ditas de sua autoria. O mesmo acontece com frases que atribuem a ela. Muitas são, de fato, extraída de seus livros. Boa parte, no entanto, nunca foi dita ou escrita pela autora. Ela deixou claro o quanto isto a incomoda e pediu que mesmo os bens intencionados coloquem perfis verdadeiros, ainda que o propósito seja divulgar suas obras.

Isto nos mostra a fragilidade das informações contidas na internet. Se a rede surgiu para facilitar nosso trabalho de pesquisa, para diminuir distância, aproximar amigos e também nos proporcionar a oportunidade de ter acesso a um mundo de informações, ela também traz muita coisa negativa: a super exposição de nossas crianças e adolescentes, o acesso a material indevido, a disseminação de boatos, inverdades e o uso até mesmo para crimes virtuais.

Ou seja, está mais do que na hora de usarmos o que melhor temos para poder frear um pouco esta onda de mentiras que circulam na rede. Chequem! Chequem sempre todas as informações com várias fontes antes de repassá-las. Não vamos ser levianos repassando fotos de crianças perdidas, de pessoas acusadas deste ou daquele crime, por mais bem intencionados que estejamos. Vale a pena checar se a informação procede porque, como já dizia o sábio, uma palavra uma vez proferida é como uma pedra ao vento, não se sabe onde vai atingir.

Já vi um caso de uma foto de criança que estava sendo divulgada como perdida e que era, no entanto, filha de um médico famoso. A brincadeira de extremo mau gosto foi feita por alguém que queria fazer uma retaliação por não ter sido atendido como esperava. Tommy Hilfiger, o estilista americano, teve que ir no programa da também norte-americana Oprah Winfrey para desfazer um boato que foi divulgado no Face de que ele não fazia roupas para latinos. O boato trouxe prejuízo e causou muita confusão e ele teve que se desdobrar para desfazer o problema, uma vez que seus fiéis consumidores são, em grande parte, latinos.

Enfim, chequem. Sempre. Procurem sites idôneos, jornais impressos, revistas, enciclopédias. Livros. Não se atenham à informação que nos é jogada goela abaixo. Com isto você estará promovendo duas ações úteis: aumentando seu conhecimento e evitando que pessoas más intencionadas tenham êxito em suas aberrações.

Boa semana a todos!

 

 

Um comentário sobre “Eu não disse isto!

  1. Querida, como sempre, você faz uso inteligente, sensível e oportuno das palavras em um relato que vai muito além da opinião pura e simples, estabelecendo um serviço necessário a todos os que precisam estar antenados. O post acima é mais do que oportuno. De fato, a Internet se transformou em um mar propício à pirataria. Para o bem e para o mal, acabamos entrando nas ondas que movimentam as redes sociais. Navegar é preciso, mas avistar a terra firme e nela colocar os pezinhos é imprescindível!

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário